Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Temos visto, nos últimos meses, na mídia, o semi endeusamento de mulheres famosas, de mais de 40 anos, ou mesmo mais de 50, exibindo suas maravilhosas formas e seus rostos lisinhos, nas revistas e na TV.
Isso é muito legal. A medicina moderna coloca ao nosso alcance as mais variadas técnicas para supostamente se driblar o tempo.
Botox e preenchimentos apagam as rugas da vida. Ginástica, tratamentos estéticos variados, lipoaspirações e terapias de reposição hormonal (para as que estão na menopausa) modelam os corpos, devolvem a cintura, parecem fazer verdadeiros milagres!
Há muito poucas décadas atrás, nossas avós, depois do 40, eram todas uma velhinhas. Aos 50 estavam enrugadas, algumas mesmo encurvadas, cheias de problemas estéticos e, pior, de saúde.
Hoje podemos nos cuidar, detectamos os problemas de saúde antes que eles se tornem graves. As revistas e os programas de Tv estão cheios de fórmulas do bem viver, do bem alimentar; cheios de dicas de saúde, de beleza, de tratamentos estéticos.
Até a década de 90, cirurgia plástica era apenas para os muito ricos. Hoje, se democratizou. Os custos caíram, as clínicas fazem financiamento, as técnicas evoluíram e já não são tão agressivas.
Tudo isso é muito bom e positivo.
Mas – sempre existe um mas – por mais cirurgias e tratamentos estéticos, por mais alimentação saudável, complementos alimentares e atividade física, é preciso entender e aceitar o envelhecimento. Com a mesma naturalidade com que nossas avós, que não tinham, como nós, outras opções, aceitavam.
Por mais turbinadas e esticadas que sejam, as mulheres de 50, 60, continuam sendo mulheres de 50 e 60. Você olha para elas e, mesmo sem saber porque, as vê lindas e maravilhosas, mas percebe que elas têm 50, 60. São mais bonitas que suas avós, mas a idade, a despeito de todas as técnicas modernas, se estampa nelas. Vera Fischer é linda, mas qualquer criancinha percebe que ela passou dos 50. Suzana Vieira é estonteante, mas não deixa de ter mais de 60.
E tem mais. Como diria o meu cirurgião plástico, Paulo Jatene, o rosto e o corpo podem “rejuvenescer” mas o fígado, o coração, os ovários, todos os nossos órgãos, até o nosso cérebro, continuam com a mesma idade e sofrendo os mesmos efeitos do envelhecimento.
Envelhecer não é diferente de nascer ou morrer. É apenas o processo da vida.
Mais importante do que manter “jovem” a aparência, é manter jovem a atitude. É não perder o desejo de aprender, sempre, com a vida. É não perder o desejo de amar e ser amada, de fazer sexo (o viagra e a TRH estão aí para ajudar). É não perder a curiosidade, a esperança e, principalmente, o sonho!
A cultura, as atividades intelectuais, as perguntas, a capacidade de se surpreender, o sexo bem feito, a alegria de viver, tudo isso, não pode ser perdido em nome da idade avançada. E tudo isso não vem de graça, a gente precisa cultivar. O brilho nos olhos, a esperança, a alegria são coadjuvantes do nosso perseguido rejuvenescimento. Sem isso, nenhuma cirurgia plástica, nenhum procedimento estético, nenhuma atividade física fará grandes diferenças.
*Isabel Fomm Vasconcellos é produtora e apresentadora do Saúde Feminina (de segunda a sexta, ao vivo, às 14h00, na Rede Mulher de TV e Rede Família) e autora do livro “A Menstruação E Seus Mitos”, Ed. Mercuryo.