Blog WMulher
  • Nossa História
  • Contato
Home  /  Comportamento  /  Nós, coitadas!
Comportamento
30 de setembro de 2004

Nós, coitadas!

admin feminista, inferioridade, inimiga, jogo machista Comments are off

Por: Isabel Fomm Vasconcellos*

O Estadão publica matéria sobre pesquisa americana que investiga os diferentes papéis sociais dos homens e das mulheres, perguntando se esse negócio do homem caçar e da mulher limpar é cultural ou genético. A TV, no dia seguinte, comenta. As Católicas Pelo Direito de Decidir promovem encontro para discutir o aborto legal. Gente importante se reúne para discutir o direito das mulheres de eliminar, ou não, um feto sem cérebro.

Ai, que cansaço!

Apesar de já sermos mais de metade da força produtiva do país, apesar de já termos provado e provado que somos tão capazes como qualquer macho, ainda recebo mensagens de leitoras que me dizem coisas como moças discriminadas no mundo do computador por serem consideradas, pelos homens, como “sem raciocínio lógico”.

Apesar de já termos vencido no mundo dos negócios e do trabalho e de já sermos quase 30% dos chefes de família, muitas e muitas moçoilas ainda sonham com o príncipe encantado que as tirará do borralho e as guindará a uma vida sem problemas de sobrevivência.

Apesar de as mulheres só terem conquistado o direito de votar a partir de 1920 e de essa conquista ter custado muitas vidas femininas, ainda perguntamos ao homem mais próximo em quem devemos votar nas eleições. E raramente damos nosso voto a uma mulher, as nossas políticas são eleitas com o voto dos homens, não com o nosso.

Ainda odiamos umas às outras, vendo a outra mulher sempre como uma inimiga em potencial, como se ainda estivéssemos naquela humilhante situação de cidadãs de segunda classe e precisássemos, por isso, nos degladiar para conseguir casar com o melhor partido disponível nos arredores, pois essa era a única forma de conseguir alguma ascensão social.

Apesar de termos nos projetado como executivas, médicas, esportistas, jornalistas, artistas, ainda não confiamos nas nossas chefes, ainda duvidamos das nossas médicas, ainda olhamos torto e, com medo, entregamos uma causa a uma advogada.

Nos sentimos inferiores, essa é a verdade. É exatamente por nos sentirmos inferiores que não podemos confiar plenamente em outra mulher. Dentro de nós, lá no fundo, acreditamos que a outra é tão inferior como nós.

Ai! Como é difícil modificar anos e anos, milênios, de condicionamento cultural!

Nos últimos duzentos anos muitas e muitas fêmeas, pelo mundo, lutaram para superar a humilhante condição de inferioridade que as leis e os costumes reservavam ao nosso sexo. Graças à luta dessas mulheres excepcionais, você pode, hoje, planejar a sua natalidade, estudar, aprender a ler e a escrever, votar, seguir uma carreira profissional e até mesmo ter prazer no sexo.

Mas, sem um pingo de gratidão, cuspindo na memória e no sofrimento dessas mulheres, você diz horrorizada: “feminista, eu? Deus me livre!”

Porque embarcou no jogo machista que fez da luta feminista sinônimo da negação da feminilidade, no jogo hipócrita da mídia conservadora que quer mas é ver tudo exatamente como sempre foi, pois é teoricamente mais fácil assim.

No entanto, nós mulheres, somos seres humanos com o mesmíssimo direito à vida, à realização pessoal e profissional, exatamente como qualquer macho.

É simplesmente ridículo que homens e mulheres ditos sérios ainda se reúnam para discutir coisas ridículas como o direito ao aborto legal (ele já é legal!) ou quem deve ou não lavar a louça e tirar o pó da casa!

É ridículo que ainda não confiemos nas políticas e nas profissionais e que façamos julgamentos moralistas, pautados por idéias de séculos passados, sobre mulheres que se libertaram desses malditos grilhões culturais e ousam viver a liberdade sexual, a liberdade econômica, o sucesso!

Ainda somos umas coitadas, que pedem licença para existir no mundo dos homens ao invés de, como deveríamos, contribuir para tornar esse mundo, testosterônico e agressivo, num mundo de mais emoção, intuição e amor, num mundo mais feminino e mais pacífico. Como sempre o quiseram as feministas.

Ai! Eu estou cansada. Mas ainda sonho.

*Isabel Fomm Vasconcellos é produtora e apresentadora do Saúde Feminina (segunda a sexta, ao vivo, 14h00, pela Rede Mulher de TV e Rede Família) e autora do livro “A Menstruação E Seus Mitos”, Ed. Mercuryo.

Previous Article Amor X Sexo
Next Article Com O Rei Na Barriga

About Author

admin

Flavia Hesse é inspiradora digital, terapeuta floral, publisher e advogada

Related Posts

  • Descubra como energizar seu dia

  • Quanto você acredita em seu sonho?

    Quanto você acredita em seu sonho?

Categorias

  • Astrologia29
  • Beleza64
  • Bem-Estar23
  • Casa10
  • Comportamento163
  • Dica do Dia2
  • Dinheiro49
  • Esoterismo5
  • Fitness5
  • Nós Mulheres1
  • Numerologia9
  • Poesia e Reflexão2
  • Relacionamento61
  • Saúde23
  • Saúde6
  • Sexo27
  • Terapia Complementar15
  • Trabalho18
  • Variedades33
  • Viagens12

Procure pela data

junho 2022
D S T Q Q S S
 1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930  
« mar    

Posts recentes

  • Moda, Tendência, Estilo: Essências Numerológicas e Florais
  • Lua Nova em Áries: você prefere agir ou reagir?
  • Descubra como energizar seu dia
  • O que te impulsiona a agir? Entenda sua força de ação pela Astrologia
  • Quanto você acredita em seu sonho?

Encontre seu assunto

amor aposentadoria astrologia beleza bem-estar cabelo carreira casa casamento dinheiro exercicios feminismo feminista feng shui filhos fonoaudiologia gravidez harmonia hidratação investimento lua nova mulher numerologia orçamento orçamento doméstico orçamento familiar paixão pele planejamento prazer previdência profissão prosperidade relacionamento saúde sexo sexualidade signo sufragistas terapia trabalho variedades viagem violência xamanismo

Arquivos

  • março 2018
  • março 2017
  • fevereiro 2017
  • outubro 2016
  • setembro 2016
  • agosto 2016
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • março 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • dezembro 2015
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • agosto 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • dezembro 2008
  • novembro 2008
  • julho 2006
  • junho 2006
  • maio 2006
  • abril 2006
  • março 2006
  • fevereiro 2006
  • janeiro 2006
  • dezembro 2005
  • novembro 2005
  • outubro 2005
  • setembro 2005
  • agosto 2005
  • julho 2005
  • junho 2005
  • maio 2005
  • abril 2005
  • março 2005
  • fevereiro 2005
  • janeiro 2005
  • dezembro 2004
  • novembro 2004
  • outubro 2004
  • setembro 2004
  • agosto 2004
  • julho 2004
  • junho 2004
  • maio 2004
  • abril 2004
  • março 2004
  • fevereiro 2004
  • janeiro 2004
  • dezembro 2003
  • novembro 2003
  • outubro 2003
  • setembro 2003
  • agosto 2003
  • maio 2003
  • dezembro 2002
  • novembro 2002
  • agosto 2001
  • maio 2001
  • abril 2001
  • março 2001
  • fevereiro 2001
  • janeiro 2001
  • dezembro 2000
  • novembro 2000
  • outubro 2000
  • setembro 2000
  • agosto 2000
  • julho 2000
  • junho 2000
  • maio 2000
  • abril 2000
  • março 2000
  • fevereiro 2000
  • janeiro 2000
  • dezembro 1999
  • novembro 1999
  • outubro 1999
  • setembro 1999

Comentários

  • lar de idosas em Feng Shui – trazendo bons fluídos para sua casa – 2ª parte
  • Grupo de Reabilitação em Codependência ou dependência emocional: o que é?
  • Lilian Roel Murat em Receita para Gostar de Si Mesma
  • Karina Rodrigues em Conheça as 7 tendências para maquiagem de final de ano

RSS WMulher – RSS

  • Ocorreu um erro. A causa provável é o feed estar offline. Tente mais tarde.
Política de Privacidade             Nossa História             © Copyright 2015. WMulher.com.br