Por: Isabel Fomm Vasconcellos
Foram Hillary Clinton e Oprah Winfrey que puxaram esse cordão do empoderamento feminino, hoje tão badalado. E puxaram pela necessidade de capacitar, através do estudo e da preparação profissional, as mulheres que ainda são brutalmente discriminadas em alguns países do mundo.
Não se trata apenas da velha conversa feminista de exigir igualdade de oportunidades e igualdade na diferença.
A exigência vai, além disso, ultrapassa os direitos da mulher: trata-se de uma questão de segurança nacional e de paz mundial.
Isso porque se constatou que, em países onde a mulher ainda é reprimida e não recebe educação ou não ocupa um papel produtivo na sociedade, a violência e o terrorismo correm soltos.
É interessante notar que, desde os primórdios do feminismo, quando surgiram os primeiros movimentos organizados de mulheres que lutavam pelo direito de votar (as famosas sufragistas) e por uma condição social que as tornasse cidadãs de primeira classe, uma das grandes bandeiras do sexo então chamado “frágil” é a paz.
Temos, mais recente, a constatação que, em países onde a mulher estuda e trabalha, onde ela, portanto, tem voz ativa na sociedade, existe muito menos violência.
No feminismo mais radical e primitivo, a idéia de que não havia diferença natural entre a maneira de ser de homens e mulheres era forte. As primeiras feministas não gostavam nem um pouquinho da conversa, por exemplo, de Esther Harding (psiquiatra discípula de Yung que fez grande sucesso com suas obras publicadas nos anos de 1930) que afirmava que as mulheres eram a lua e os homens, o sol.
Ou seja: as mulheres seriam mais sonhadoras, mais sensíveis, mais ternas e mais conciliadoras, enquanto os homens trariam em si a agressividade e o desejo de dominação do nosso astro rei.
Essa idéia corresponde ao que os médicos dizem sobre os hormônios sexuais. As mulheres são estrogênicas e progesterônicas (brilhantes e maternais) e nos homens domina a testosterona, o hormônio do desejo e da agressividade.
Algumas feministas ainda podem torcer o nariz, mas a verdade é que essa diferença é real e refletiu-se em toda a nossa história cultural. E a maior diplomacia e ternura das mulheres contra a agressividade exacerbada dos homens não significa que elas sejam mais trouxas ou menos capazes que eles.
Existe um desequilíbrio no mundo que é fruto do afastamento das mulheres das esferas produtivas, políticas e – portanto – da decisão.
O mundo construído pelos homens é testosterônico demais, é agressivo demais, é violento demais.
Quando as mulheres entraram maciçamente no mundo produtivo, na década de 1980, passaram pela fase da masculinização. Até a moda refletia isso, nos paletós com enormes ombreiras usados pelas executivas. Elas realmente precisavam de ombros largos – característicos dos homens – para enfrentar o peso de desafiar os preconceitos gerados por milênios de discriminação e se afirmar como seres tão competentes quanto os homens.
Hoje, porém, as mulheres já não precisam se masculinizar para serem aceitas no mundo produtivo.
Está na hora, portanto, de trazer os valores tipicamente femininos para este mundo testosterônico.
Aliás, essa é a tônica de um dos meus livros publicados (Todas as Mulheres São Bruxas): a contribuição que a mulher – com a cultura do universo feminino, com sua intuição e sua maior emotividade – pode e deve dar ao mundo.
A evidência, fruto de estudos sérios nos EUA, que mostra as nações sendo menos violentas quando tem mulheres ativas, vem apenas reafirmar o que nós já sabíamos. Homens são da guerra. Mulheres, da Paz.
*Isabel Fomm de Vasconcellos é escritora e jornalista especializada em [email protected] e [email protected]
Foto: Castelass l Freeimages.com