Por: Cecília Queiroz
Viagens de navio oferecem experiências sensoriais, gastronômicas e turísticas, transformando sonhos em férias, relacionamentos e negócios inesquecíveis
Muita gente nem imagina o que é um cruzeiro nem o que se passa dentro de um transatlântico. E também não se anima a conhecer. E o medo de ficar ilhado no meio do mar com água por todos os lados?
Eu me atrevi e a experiência foi incrível. E para não experimentar só um, estive em dois: Allure of the Seas e Anthem of the Seas.
Os dois navios aguçam a curiosidade de conhecer outras pessoas, propiciando a interação com outros passageiros na piscina, nos brinquedos, nas áreas de jogos, no solarium, em um dos diversos restaurantes, shows ou baladas. Os transatlânticos também são espaços de histórias, que contam o início de alianças comerciais, namoros ou casamentos.
Não falar inglês ou espanhol não é problema. A tripulação é composta por profissionais de cerca de 80 países, de modo que a qualquer hora se encontra auxílio em português.
Se a primeira pergunta for “balança?”, seguida por “chacoalha?” ou “enjoa?” A resposta é “não”. O transatlântico é bem estável. Não senti balançar, não senti chacoalhar e 99 por cento do tempo não me senti fora da terra. Não enjoei em nenhum momento e apenas no dia da volta percebi uma discreta marola. De todas as pessoas com quem conversei – e foram muitas, apenas uma declarou que havia enjoado no primeiro dia.
Para os workaholics que resistem em se afastar do computador, uma boa notícia: os navios possuem wi-fi com boa banda, sendo possível, em qualquer área, acessar a internet.
Depois de quatro dias embarcada em transatlânticos diferentes, passando por cidades de dois países com climas totalmente distintos, tendo tido vivências, descobertas e trocas das mais diversas, saí com apenas uma certeza dessa viagem: valeu muito a pena experimentar.
Allure of the Seas
A partida foi do porto Everglades, em Fort Laudardale, nos Estados Unidos, com destino a Nassau (capital das Bahamas), a bordo do Allure of the Seas que, junto com seu navio-irmão Oasis of the Seas são considerados – até o fechamento dessa edição – os maiores navios de cruzeiro do mundo por tonelagem (225 mil) e metragem (360 metros). A capacidade é para transportar 8.680 pessoas, considerando os passageiros (6.296) e tripulantes (2.384).
São 2.706 cabines e, ao todo, 24 elevadores atendem aos 16 andares de pura diversão. É uma cidade flutuante, com cassino, lojas, dezenas de restaurantes, bares, pubs, boate, balada, diversas piscinas e muitas atrações como quadra esportiva, mesas de pingue-pongue, sala de jogos, um simulador de surf com direito a torcida e uma tirolesa – bem rápida -, que atravessa o transatlântico.
É difícil pensar em alguma coisa que o navio não ofereça. Tem mini campo de golfe, sala para jogar cartas, academia, um spa – que oferece diversos tratamentos e até teatros fechados e a céu aberto. Assisti a um incrível show aquático no anfiteatro descoberto e ao inesquecível sucesso da Broadway, Mamma Mia!
Por mais que se ande no navio, é impossível conseguir participar e desfrutar de todo o entretenimento oferecido. Para onde se olha, se encontra o que fazer. Mesmo que chova a viagem inteira é possível achar uma atividade e se divertir. Estar rodeado de mar por todos os lados, com vista azul infinita, definitivamente não é entediante nem assustador. As atrações disponíveis são para todas as idades, gostos e preferências, contemplando famílias inteiras com filhos e netos ou casais de namorados e recém-casados.
Apesar da quantidade de pessoas viajando, o navio, por ser setorizado – são sete áreas temáticas, não dá a sensação de multidão. Os bebês têm berçário, as crianças têm uma área especial com carrossel e diversas possibilidades de distração. Do mesmo modo que quem gosta de esportes pode aproveitar as quadras, quem procura sossego pode descansar em diversos recantos, restaurantes temáticos, solarium ou piscinas. E quem sente falta da cidade, pode se esbaldar nas lojas do “shopping”. Sim, porque há uma área interna que parece um shopping center.
O charmoso Central Park possui 56 árvores e cerca de 12 mil plantas e suas calçadas levam a diversas lojas e restaurantes. A gastronomia do navio é um capítulo à parte. São 20 chefes e 222 cozinheiros para produzir todos os tipos de comida e atender aos paladares mais exigentes.
A cabine é perfeita, com banheiro privativo, uma cama de casal confortável, sofá, tevê e mesa de trabalho. A grande atração é a varanda, com suas duas espreguiçadeiras, dignas da expressão “não quero outra vida”.
Por incrível que pareça, ao atracar em Nassau, nas Bahamas, cidade que promete diversão, sol e praia, muitos passageiros preferiram passar o dia no navio.
Anthem of the Seas
Assim que a equipe desembarcou do Allure of the Seas na Flórida, voou para Nova Iorque, para conhecer a embarcação mais tecnológica em termos de entretenimento: o Anthem of the Seas, navio futurista, com um bar cem por cento tecnológico, com robôs na função de barman e terminais para solicitação de coquetéis.
Um navio intimista, onde o camareiro chama o hóspede pelo nome. É também um transatlântico que oferece diversos cantinhos para passar o tempo namorando, conversando ou lendo. A decoração é de extremo bom gosto e a área interna lembra shoppings de luxo, com suas lojas de grife e seus restaurantes requintados.
O Anthem tem simulador de surf, spa, academia, piscinas, atividades para crianças, adolescentes e adultos. Tem também quadra poliesportiva, parede de escalada, cassino, fliperama e cinema. Mas ele é um navio de aventuras, que disponibiliza o fantástico i-fly – simulador de paraquedismo que permite experimentar a maravilhosa sensação de voar e o North Star, uma cabine de vidro com 360˚ que se eleva a mais de 90 metros acima do nível do mar, para que o hóspede tenha uma visão panorâmica do mar que rodeia o navio.
E, mais do que tudo, ele é um navio inteligente, com áreas que mudam de acordo com a atividade do dia. A pista do carrinho bate-bate vira rinque de patinação ou escola de circo.
O Two-70, área com pé direito alto, totalmente envidraçada, que permite uma visão de 270˚ do mar é um lugar é mutante, que vira de casa de show em cinema, em sala de oficinas, espaço de entretenimento…
A chave do quarto é uma pulseira, que não só abre a cabine como também identifica o hóspede nas suas compras, saídas do navio e fotos. A tecnologia também permitia que o hóspede testasse seus batimentos cardíacos colocando suas mãos em um pedestal que aumentava ou diminuía a intensidade da luz de um imenso lustre, de acordo com a força e a velocidade do coração. Nem preciso dizer que muitas vezes o lustre parecia em curto, muito provavelmente pela intensidade das emoções…