Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Ser politicamente correto é ser ditatorial, querer que todos pensem da mesma maneira, é ser prepotente e dono da verdade. “Os inteligentes são cheios de dúvidas e os estúpidos, de certezas”.
Os chamados politicamente corretos são aqueles que querem homogeneizar o mundo e engessar o pensamento. Coisa de quem não consegue pensar com a própria cabeça e precisa do aval da mediocridade dominante. Coisa de quem ainda acredita que o mundo tem que ter um único caminho, uma única verdade, uma única certeza.
Isso não se parece com fanatismo religioso ou político?
Isso não se parece com ideias que levaram a genocídios, ataques terroristas e outras “cositas más”?
Melhor repensar esse tal desse politicamente correto. O filósofo Luiz Felipe Pondé se refere a esse tipo de atitude como “a praga PC” (PC= politicamente correto).
E é uma praga mesmo. Uma praga comodista.
Pensar pra que?
Sigamos a cartilha do PC e tudo estará bem, ninguém poderá me contestar, ninguém dirá que estou errado, porque, afinal, estou agindo e crendo segundo a convenção do politicamente correto.
Isso não se parece com covardia?
Isso não se parece com temor da crítica, do confronto, do diálogo?
Isso não é a cara dos dias de hoje?
Hoje quase todos evitam dizer “não”. Saem correndo de você para não ter que te dizer “não”. Hoje quase todos evitam contestar o que quer que seja a não ser que todos estejam contestando.
Ir pra rua é politicamente correto. Por isso tanta gente vai, mesmo que não tenha proposta política alguma para contribuir com o avanço das instituições e com o combate à corrupção.
O que escrevo agora sobre a covardia e a falta de personalidade dos “politicamente corretos” não se refere exatamente às manifestações. Refere-se sim a um tipo de gente que não precisa pensar, pois consome o pensamento pronto e embalado, como os produtos que estão nas prateleiras dos supermercados e nas vitrines dos shoppings. (Deveriam frequentar livrarias… nos livros tem diversidade de pensamentos…rsrs…).
A única maneira de evoluir nesse mundo é o confronto. É do confronto de ideias e ideais, é do dialogo (alguém ainda sabe, sem consultar o dicionário, o que quer dizer “diálogo”?) é da discussão, já diriam nossos avós, que nasce a Luz.
Sem diálogo, sem troca de ideias, sem ouvir a posição daquele com o qual você não concorda, sem respeitar as divergências e os adversários, você nunca passará de um medíocre, um, no máximo, politicamente correto.
A vida é bela demais, os pensamentos são belos demais, a capacidade de diálogo é bela demais, para ser achatada e reduzida a uma coisa única, unanime.
Nelson Rodrigues disse melhor do que eu: “Toda a unanimidade é burra”.
Politicamente correto é igual a mediocremente estabelecido. Seja inteligente. Ouse pensar com sua própria cabeça e talvez você até se transforme, afinal, num ser verdadeiramente politicamente correto, só que não!
*Isabel Fomm de Vasconcellos, escritora, jornalista, apresentadora de TV. [email protected] e [email protected]