Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Acredite se quiser. Essa gata aí da foto ao lado, que mais parece uma candidata a top model, é a senadora Heloisa Helena, em foto de Nana Moraes, depois de uma sessão “de transformação” promovida pela Revista Cláudia.
Uma coisa que sempre me incomodou na senadora, foi a sua aparência desleixada.
Tenho o maior respeito por ela, posso imaginar o quanto foi difícil a sua vida política. Admiro a sua coragem. A sua escancarada sinceridade. Mas sempre disse aos meus amigos que não votaria nela, pra presidente, porque desconfio de mulheres que desprezam a aparência.
Eu mesma, quando era adolescente nos anos 60, compartilhava desse desprezo pela aparência. Acreditava que o meu interior, as minhas idéias ( e como eu as tinha, então!) deveriam, em muito, superar, ser mais importantes do que, a minha aparência. Então, eu me vestia de “bicho grilo”, negava a minha sensualidade, cortava o cabelo “a la garçonne”, só usava roupas largas e confortáveis, não cuidava da pele, não tirava sobrancelha. Eu era horrorosa.
Hoje, aos 55 anos de idade, sou linda. E gostosona.
É que a vida foi me ensinando, sim, que as pessoas julgam, primeiro, pela aparência e, depois, pelo conteúdo. Sem aparência, você dificilmente vai ter chance de que alguém se digne, sequer, a ouvir o que você tem a dizer.
Num mundo como o de hoje, em que a aparência às vezes parece ser mais importante do que o conteúdo, fica difícil, até para quem valoriza sobremaneira o conteúdo, dar credibilidade aos desleixados.
E hoje a boa aparência – embora seja considerada discriminatória na hora de, por exemplo, selecionar um candidato a emprego – está ao alcance de todos. Produtos de beleza podem custar uma fortuna. Mas existem produtos de beleza muito acessíveis nas prateleiras dos supermercados. E um bom corte de cabelo, que custa 350 reais num cabeleireiro chique, custa 10 num salão de periferia. A sociedade de consumo tornou acessíveis roupas, cosméticos, cuidados pessoais. E fazer ginástica ou caminhar nos parques públicos não custa nada.
Penso que os cuidados pessoais com a aparência denotam auto-estima. Uma pessoa que diz, arrogantemente, que não liga pra aparência, que está acima “dessas bobagens” pode estar apenas dando vazão à sua baixa auto-estima. Pode estar negando a sua sensualidade.
O ser humano sempre procurou se enfeitar. Está na História. Não existe povo, ontem e hoje, que não tenha seus rituais de enfeites e cuidados pessoais.
Por isso, a Revista Claudia (que há mais de quatro décadas prestigia o que há de melhor na mulher brasileira) prestou mais um grande serviço ao país, mostrando que a nossa senadora, além de guerreira, também pode ser linda.
Porque nós, mulheres, para sermos combativas, lutadoras, de vanguarda, não precisamos mais ser feias.
*Isabel Fomm Vasconcellos é apresentadora e produtora do Saúde Feminina (segunda a sexta, meio dia, na Rede Mulher de TV) e autora de vários livros.
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