Blog WMulher
  • Nossa História
  • Contato
Home  /  Comportamento  /  É Preciso Chorar
Comportamento
13 de julho de 2006

É Preciso Chorar

admin chorar, ser super Comments are off

Por: Isabel Fomm de Vasconcellos*

Existem muitas dores escondidas. Dores que a gente não admite, que a gente finge não sentir. A vida dá porrada mesmo. Faz parte. E fingimos endurecer. Fingimos que estamos preparados para as adversidades.

Morre um irmão, a gente não derrama nenhuma lágrima. Todos nós vivemos brigando com os irmãos, então pensamos só nas brigas, sufocamos dentro de nós todos aqueles momentos maravilhosos que passamos com esse irmão, esquecemos tudo, para poder encarar a dor da perda. Morrer é natural, dizemos. Tudo bem. Ele teve uma vida ótima, chegou a hora dele. Aí, um belo dia, anos ou semanas depois, a gente ouve uma música, vê um quadro, alguma coisa, alguma coisa que nos remete para algum momento que a gente viveu, algum belo momento, com esse irmão que se foi e, aí, aí, minha gente, a ausência dele nos atinge em pleno peito, como um soco… E as lágrimas vêm aos olhos e a gente chora o que não chorou na hora em que se fingiu de forte. E se livra de uma das dores escondidas. Ainda bem. Porque dor escondida vira úlcera no estômago, vira câncer, vira enfarte, vira doença.

A gente briga com a amiga, aquela amiga de anos e anos, às vezes por uma besteirinha à toa, por uma simples diferença de opinião, por teimosia, por orgulho. E a gente diz: Tudo bem. Ela nunca foi minha amiga de verdade, era tudo falso. Toca a vida, pensa que esqueceu. Mas a carta esquecida na gaveta, a foto no álbum antigo, a música que curtimos juntas… De repente, tudo volta e a gente sente, como uma facada no peito, a falta, a falta que nos faz a amiga perdida pela incompreensão, pela intolerância, pela ausência do verdadeiro diálogo. Se a gente fosse gente de verdade, se fosse um ser humano digno de verdade, se fosse porreta de verdade, a gente mandaria um e-mail, pegaria o telefone e pediria perdão por aquilo que achamos que ela é que nos fez. Mas, muitas vezes, o momento passa e nada fazemos.

Terminou o casamento. Também, ele era uma besta, como é que casamos com um idiota deste tamanho? Só queremos brigar, via advogado. Horário de visitas para a criança, pensão, divisão dos bens. A gente se enterra nesse monte de besteiras materialistas, tentando esquecer do quanto nos preparamos para a cerimônia de casamento, do quanto esperávamos da vida a dois, de quanto sonhamos com o amor infinito. E a dor, não assumida, fica lá dentro do peito, fica lá, remoendo, sufocada, minando a nossa saúde e a nossa esperança.

A gente vai vivendo, a vida vai dando porrada, é a doença, é a promoção que se perdeu no trabalho, é o amigo que decepcionou, é o amor que não deu certo, e a gente vai endurecendo e, muitas vezes, a despeito da famosa frase do Guevara, vai endurecendo e também perdendo a ternura.

Na nossa sociedade de hoje, é preciso ser super. E um dos atributos desta super humanidade é a capacidade de dar a volta por cima. Superar. Tirar de letra. Mas está errado. Mais do que nunca, hoje em dia, é preciso chorar. É preciso simplesmente assumir que não se é tão super assim, que se é frágil, passível de ser magoado, passível de sentir-se derrotado, passível de sentir-se incapaz de superar. E chorar. Espernear. Botar pra fora a dor. A dor, ah, a dor, ela faz parte da vida. Negá-la, porém, é chamar a morte.

Nós, mulheres, que de dor entendemos bem, das cólicas à dor do parto, junto com as nossas conquistas sociais, parecemos ter assimilado, dos homens, a necessidade de não chorar. Lembra do poeta Cassiano Ricardo: “a lágrima é ridícula. Um homem não chora”? Pois é. São eles, minha amiga, os que não podiam chorar.

Quando pisarem no seu calo, quando a vida te surpreender com alguma coisa muito triste, quando a dor vier, assuma. Não camufle, não esconda a sua dor e, muito menos, se envergonhe dela. Rode a baiana. Grite. Se descabele. Faça qualquer coisa, mas não esconda sua dor. Ela vai, escondida, envenenar sua alma e seu corpo. Ela vai virar doença.

Descubra suas dores escondidas. Ainda que sejam muito antigas. E chore, chore todas as lágrimas, por elas.

 

*Isabel Fomm de Vasconcellos é apresentadora e produtora do Saúde Feminina (segunda a sexta, meio dia, na Rede Mulher de TV) e autora de vários livros.

Previous Article A Sonhada Igualdade
Next Article Ciúmes

About Author

admin

Flavia Hesse é inspiradora digital, terapeuta floral, publisher e advogada

Related Posts

  • Descubra como energizar seu dia

  • Quanto você acredita em seu sonho?

    Quanto você acredita em seu sonho?

Categorias

  • Astrologia29
  • Beleza64
  • Bem-Estar23
  • Casa10
  • Comportamento163
  • Dica do Dia2
  • Dinheiro49
  • Esoterismo5
  • Fitness5
  • Nós Mulheres1
  • Numerologia9
  • Poesia e Reflexão2
  • Relacionamento61
  • Saúde23
  • Saúde6
  • Sexo27
  • Terapia Complementar15
  • Trabalho18
  • Variedades33
  • Viagens12

Procure pela data

junho 2022
D S T Q Q S S
 1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930  
« mar    

Posts recentes

  • Moda, Tendência, Estilo: Essências Numerológicas e Florais
  • Lua Nova em Áries: você prefere agir ou reagir?
  • Descubra como energizar seu dia
  • O que te impulsiona a agir? Entenda sua força de ação pela Astrologia
  • Quanto você acredita em seu sonho?

Encontre seu assunto

amor aposentadoria astrologia beleza bem-estar cabelo carreira casa casamento dinheiro exercicios feminismo feminista feng shui filhos fonoaudiologia gravidez harmonia hidratação investimento lua nova mulher numerologia orçamento orçamento doméstico orçamento familiar paixão pele planejamento prazer previdência profissão prosperidade relacionamento saúde sexo sexualidade signo sufragistas terapia trabalho variedades viagem violência xamanismo

Arquivos

  • março 2018
  • março 2017
  • fevereiro 2017
  • outubro 2016
  • setembro 2016
  • agosto 2016
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • março 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • dezembro 2015
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • agosto 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • dezembro 2008
  • novembro 2008
  • julho 2006
  • junho 2006
  • maio 2006
  • abril 2006
  • março 2006
  • fevereiro 2006
  • janeiro 2006
  • dezembro 2005
  • novembro 2005
  • outubro 2005
  • setembro 2005
  • agosto 2005
  • julho 2005
  • junho 2005
  • maio 2005
  • abril 2005
  • março 2005
  • fevereiro 2005
  • janeiro 2005
  • dezembro 2004
  • novembro 2004
  • outubro 2004
  • setembro 2004
  • agosto 2004
  • julho 2004
  • junho 2004
  • maio 2004
  • abril 2004
  • março 2004
  • fevereiro 2004
  • janeiro 2004
  • dezembro 2003
  • novembro 2003
  • outubro 2003
  • setembro 2003
  • agosto 2003
  • maio 2003
  • dezembro 2002
  • novembro 2002
  • agosto 2001
  • maio 2001
  • abril 2001
  • março 2001
  • fevereiro 2001
  • janeiro 2001
  • dezembro 2000
  • novembro 2000
  • outubro 2000
  • setembro 2000
  • agosto 2000
  • julho 2000
  • junho 2000
  • maio 2000
  • abril 2000
  • março 2000
  • fevereiro 2000
  • janeiro 2000
  • dezembro 1999
  • novembro 1999
  • outubro 1999
  • setembro 1999

Comentários

  • lar de idosas em Feng Shui – trazendo bons fluídos para sua casa – 2ª parte
  • Grupo de Reabilitação em Codependência ou dependência emocional: o que é?
  • Lilian Roel Murat em Receita para Gostar de Si Mesma
  • Karina Rodrigues em Conheça as 7 tendências para maquiagem de final de ano

RSS WMulher – RSS

  • Ocorreu um erro. A causa provável é o feed estar offline. Tente mais tarde.
Política de Privacidade             Nossa História             © Copyright 2015. WMulher.com.br