Por: Isabel Fomm de Vasconcellos*
A governadora do Rio de Janeiro, Rosinha, está propondo que os trens metropolitanos da cidade reservem vagões apenas para mulheres.
Parece que as cariocas enfrentam um problema muito antigo que há décadas acontece nos ônibus lotados e, curiosamente, principalmente nos trens de São Paulo. São os homens brutos e sem educação que ficam se esfregando contra o corpo das mulheres nas conduções lotadas. Aqui em São Paulo, há uns vinte anos, as ongs femininas começaram a recomendar as mulheres que carregassem com elas uma boa agulha. Quando o engraçadinho começasse a querer se esfregar… agulha nele!
A verdade é que eu nunca mais tinha ouvido falar nesse problema até ouvir a notícia do vagão especial para as cariocas. Não sei se não ouvi mais falar porque a tática da agulha deu certo ou se porque as mulheres que passam por este constrangimento preferem não comentá-lo.
Mas, puxa vida!, será que estes homens que molestam mulheres no transporte público são assim tão carentes de sexo? Será que não têm mulher? Será que entendem tão pouco de mulher que têm esperança que uma delas goste da brincadeira e dê alguma bola a eles? Será que a testosterona deles é assim tão poderosa? Será que acreditam que todas as mulheres são meros objetos sexuais à disposição deles? Ou será, simplesmente, que falta a eles a mais básica vergonha na cara?
A verdade é que ninguém pode ser “culpado” por sentir desejo sexual. O desejo é parte (e que parte!) de todo ser humano. E os homens foram treinados, pela sociedade, para exercer plenamente o seu desejo, sem muita repressão. Bem ao contrário das mulheres que são treinadas para esconder, até de si mesmas, o desejo e camuflá-lo com o rótulo do amor ou da paixão.
Mas é verdade também que, diferentemente dos animais, nós temos a razão para domar, esconder, disfarçar o desejo.
Homens que saem se esfregando em desconhecidas nos transportes públicos, demonstram apenas a sua baixa racionalidade, ou, em outras palavras, sua absoluta falta de educação.
É muito triste constatar que é preciso criar um vagão da Luluzinha, nos trens metropolitanos, para livrar as mulheres desse horrível assédio masculino. Se bem que eu, particularmente, ainda prefira a tática da agulha.
*Isabel Fomm de Vasconcellos é apresentadora e produtora do Saúde Feminina (segunda a sexta, meio dia, na Rede Mulher de TV) e autora de vários livros.
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