Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
A primeira mulher a governar o Brasil foi a Princesa Isabel, no século XIX, que assumia a regência quando seu pai, o nosso Imperador D. Pedro II, viajava. Foi durante uma dessas regências que ela, vencendo uma oposição ferrenha, assinou a Lei Áurea e acabou de vez com a mácula da escravidão em nosso país.
Princesas são educadas para assumir o governo de seus países.
Hoje, no Brasil, as mulheres políticas eleitas não chegam a 10% dos políticos homens.
Mesmo assim, temos, a exemplo do Chile e da Argentina, uma mulher eleita para a presidência da República.
É preciso observar, no entanto, que são pouquíssimas as mulheres políticas eleitas que chegaram às urnas caminhando apenas com suas próprias pernas. Luiza Erundina, entre as não herdeiras, foi a que conseguiu a maior façanha: a prefeitura de São Paulo. E Alda Marco Antonio, a vice de Kassab. Mas a maior parte delas “herdou” a candidatura de algum homem: marido, tio, pai, avô. É claro que já é um avanço. Até menos de 50 anos passados nem se cogitava entregar o poder político a uma mulher, fosse ela quem fosse.
Os exemplos de “herdeiras” são muitos. Vão desde Ivete Vargas (que era Vargas Tatsch), passando por Wilma Maia, Roseana Sarney, até chegar a nossa presidente eleita, que não é da família do presidente Lula mas foi “adotada” por ele como herdeira política.
O que consola é o fato da competência da mulher ficar cada vez mais evidente à medida que o sexo feminino vai assumindo cargos cada vez mais elevados, por exemplo, e mostrando que, ao contrário do que se pensava, elas são competentes também para emporcalhar as fichas limpas.
Para todas as mulheres do planeta, outras mulheres assumindo poderes políticos ou empresariais e brilhando nas mídias, significa um belo cala a boca nos maridos machistas, mal resolvidos e ruins de cama, que, entre outras violências, costumam ofender sistematicamente as suas companheiras chamando-as de burras e incompetentes.
Estamos melhorando.
Estamos herdando o poder quando, até muito pouco tempo, herdávamos apenas o preconceito.
*Isabel Fomm de Vasconcellos é escritora e apresentadora de TV
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