Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Ah, que maravilha os três discos do Rod Stweart, onde ele canta os mais belos clássicos do jazz americano! Mas a capa do terceiro disco da série é simplesmente um horror! Dê uma olhadinha. Ele com essa cara de safado, ajeitando a roupa, como quem está acabando de se vestir. Atrás dele, uma mulher. Ou melhor: meia mulher. Só pernas.
Você já reparou quantas publicações de fotos de meias-mulheres existem? A Revista Claudia publicou, há alguns anos passados, um infeliz anúncio de página dupla cuja ilustração era uma meia mulher dessas, só da cintura para baixo. Isso não seria nada se o título do anúncio não fosse ainda mais terrível: “Para a metade mais importante das mulheres”.
Só um machista, desses muito atrasados, é capaz de achar que a mulher tem uma metade mais importante. Só um mentecapto é capaz de acreditar que as mulheres não têm cabeça: só sexo. Para fazer sexo bem feito a cabeça é indispensável. Cabeça sadia e livre de preconceitos.
Nada contra o apelo sexual nas peças de marketing. Muito pelo contrário. Apelo sexual vende, é bom. Sexo é ótimo. Liberdade sexual, melhor ainda.
Mas é bom lembrar aos marketeiros de plantão que os velhos símbolos sexuais que usam meias-mulheres não estão com nada nos dias de hoje. Aliás, símbolos sexuais que são símbolos apenas para os homens, estão com menos ainda. É preciso lembrar que as mulheres são 51% da força formal de trabalho no Brasil. São consumidoras. E, certamente, comprarão o disco do Rod Stweart por gostar dele e não pelo apelo sexual da capa. Aliás, comprarão, apesar do tremendo mau gosto da capa.
Não surpreende tanto que um publicitário ou qualquer outro marketeiro tenha, aqui ou no Exterior, idéias burras e machistas para a criação de suas peças. O que surpreende é que, antes dessas barbaridades serem publicadas, passam pelo crivo de equipes inteiras de profissionais.
Ô carinhas! Acordem! Seus símbolos sexuais são do século passado, ou retrasado! E as mulheres são, sim, consumidoras importantes que certamente não se sensibilizarão por apelos sexuais publicitários para homens machistóides.
Bah! Que vexame, hein, turminha?
* Isabel Fomm Vasconcellos é produtora e apresentadora do Saúde Feminina (de segunda a sexta, 14h00, na Rede Mulher de TV) e autora dos livros “A Menstruação E Seus Mitos”, ed. Mercuryo e “Sexo Sem Vergonha”. Ed. Soler.