Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Todas as coisas começam a pesar muito. Qualquer contrariedade banal é motivo para um ataque de nervos. Começa-se a exigir muito das pessoas, como se todos tivessem que se pautar por aquilo que julgamos certo ou errado. Começa-se também a sentir a si mesmo com uma grande vítima: da sorte, do destino, do defeito do marido, da ingratidão dos filhos, da pouca colaboração de outros membros da família, como irmãos ou primos. Além disso, se fica com muita desconfiança. Os impostos são mal gastos pelo governo que só quer nos ferrar, as instituições são todas suspeitas, os comerciantes, então, nem se fala, só querem nos passar para trás. A vida vira uma sucursal do inferno. O trânsito congestionado é uma conspiração contra nós e, nele, estamos expostos aos mais variados perigos: desde ter vontade de fazer xixi e não ter onde até a possibilidade de nosso carro quebrar e ficarmos, sós e perdidos, sobre o viaduto… E, ai!, se alguém se atrever a nos desacatar ou fazer qualquer coisa que esteja catalogada, em nosso estreito caderninho de regras, como imprópria. Aí, viramos feras! Feras de revolta e indignação. Resultado: viramos umas chatas, inconvivíveis, insuportáveis e todo mundo fica morrendo de medo de nós. Nossos filhos se encolhem, porque não sabem quando ou porque desencadearão, na mamãe, um crise de nervos. Nosso marido começa a chegar mais tarde em casa. Nossos amigos já não nos telefonam. E temos, então, mais um montão de razões para julgarmos que o mundo está contra nós.
Tudo isso, descrito aí acima acontece, todos os dias, com um número muito grande de mulheres. São sintomas de TPM ou de depressão na Menopausa. Casamentos acabam. Empregos são perdidos. Grandes inimizades se criam. Tudo por causa das alterações hormonais que afetam o trânsito de neurotransmissores nos cérebros femininos.
Até muito pouco tempo atrás, se preferia dizer que as mulheres eram loucas, desequilibradas, instáveis, que isso era assim mesmo.
A dança hormonal a que estamos expostas, em diversas fases da vida, mas principalmente no período pré menstrual e no início do climatério, é o preço que pagamos pela benção da capacidade de gerar filhos. Nosso corpo é muito mais complicado e sutil do que o corpo masculino. Muito mais bonito, também. Mas nos cobra um preço alto. O nosso equilíbrio hormonal é muito delicado e hoje, pelas circunstâncias da vida moderna, pelo estresse, pelos novos papéis sociais que desempenhamos, pelos xeno-hormônios que consumimos pela industrialização da criação de animais de corte, esse equilíbrio está muito mais fácil de ser rompido.
E, acredite, cada vez mais está sendo rompido.
Piora muito se você for consumidora de drogas. E não estou falando de drogas ilícitas, apenas. Estou falando das fórmulas assassinas, que tantos médicos receitam sem pestanejar, para emagrecer e que misturam anfetaminas a calmantes e coisas piores.
Se você se identificou com o primeiro parágrafo desse texto, saiba, nem tudo está perdido. Mas antes que você perca o marido que ama, ou que mande o chefe ir caçar sapos e perca o emprego, você precisa perceber que algo está errado. Você precisa compreender que a vida não é esse monte de exigências que você tem em relação a ela. Que outras pessoas enfrentam, com tranqüilidade, os mesmos percalços cotidianos que fazem você gritar e se descabelar.
Graças a Deus e à Medicina, você pode controlar essas crises de humor (tanto na TPM quanto na pré Menopausa). Mas não pense que vai controla-las apenas indo ao psicólogo, ou praticando yoga ou fazendo acupuntura. Tudo isso também é válido. Mas você precisa de mais que isso. Você precisa corrigir o seu equilíbrio neuro químico cerebral. E, para isso, existem medicamentos muito específicos. Pare de gritar e de dizer que você não está louca, nem desequilibrada, nem precisa de remédios para doentes mentais.
Foi a sua própria dança hormonal, somada às condições estressantes da vida moderna, que fizeram com que o trânsito neuro químico do seu cérebro se alterasse.
Se você está sofrendo desses sintomas de “muito nervosa”, não deixe que eles estraguem a sua vida, a sua carreira, o seu casamento, as suas amizades, o amor de seus filhos, a sua relação com a família. Procure logo um médico. Um psiquiatra. Ele não é o médico de loucos. Ele (ou ela) é o médico (a) técnico em trânsito neuro químico cerebral e só ele vai saber receitar a você o medicamento certo, na dose certa, para fazer com que o mundo volte a sorrir. Porque, acredite, o mundo está sempre sorrindo. Você é que não está conseguindo ver.
* Isabel Fomm Vasconcellos é produtora e apresentadora do Saúde Feminina (segunda a sexta, ao vivo, 14h00, na Rede Mulher de TV) e autora do livro A Menstruação E Seus Mitos, Ed. Mercuryo.