Blog WMulher
  • Nossa História
  • Contato
Home  /  Comportamento  /  O Corpo da Mulher E A Política
Comportamento
17 de maio de 2006

O Corpo da Mulher E A Política

admin Comments are off

Por: Isabel Fomm de Vasconcellos*

Margaret SangerÀ primeira vista pode parecer que o corpo das mulheres e a política não têm nada a ver. Mas têm tudo. A luta feminina pela igualdade de direitos na sociedade passa necessariamente pela conquista do próprio corpo. As mulheres, no passado (e um passado nem tão distante assim!) não tinham direito algum, não votavam, não tinham direito à propriedade, eram proibidas de falar em público e eram eternamente tuteladas, primeiro pelos seus pais (homens) e depois pelos maridos. Também, é claro, não eram senhoras de seus próprios corpos e, pensando bem, certamente até hoje ainda não o são.

A primeira voz que se elevou, contra esse não domínio do corpo feminino, foi a da enfermeira Margaret Sanger (foto). Ela nascera no estado de Nova Iorque – Margaret Louise Higgins, era seu nome de solteira – em 14 de novembro de 1879. Em 1900 já era enfermeira. Sua mãe, que tivera 11 filhos, morrera muito cedo e Margaret atribuía às seguidas gravidezes maternas esta morte prematura. Ela costumava dizer que nenhuma mulher seria verdadeiramente livre enquanto não fosse dona de seu próprio corpo. Começou uma grande cruzada nos Estados Unidos pelo direito ao controle da natalidade. Foi um escândalo. Margaret foi presa, perseguida e exilada. Mas, mesmo assim, quando voltou à América e foi levada a julgamento, a própria primeira dama americana escreveu ao promotor e Margaret acabou sendo considerada inocente. Seu crime? Segundo as puritanas autoridades de então, “divulgação de pornografia”. Os próceres americanos da época acreditavam que ensinar às mulheres os poucos métodos contraceptivos disponíveis era divulgar pornografia! Naquele tempo as mulheres só podiam recorrer ao aborto clandestino para se livrar de mais uma gravidez indesejada. E, na maioria das vezes, essa gravidez era indesejada por motivos puramente financeiros. Poucos casais podiam (como até hoje acontece) alimentar, vestir e educar uma montanha de filhos. Os maridos (como até hoje ainda acontece com freqüência) se recusavam a colaborar, achando que filho e gravidez era problema da esposa e, assim, muitas mulheres morriam por abortos mal feitos e partos seguidos e também mal feitos.

Hoje temos um verdadeiro arsenal contraceptivo à nossa disposição. Mas setores conservadores da nossa sociedade ainda põem a boca no mundo, falando contra a pílula, contra o diu, contra a pílula do dia seguinte e até contra a camisinha, que pode, além de evitar a concepção, evitar o triste destino de ser portador do vírus da aids.

As mulheres (e também os homens, é claro) desconhecem quase tudo sobre o funcionamento de seu próprio corpo. Muitas ainda têm vergonha de ir ao ginecologista. Outras se recusam a usar absorvente interno com medo de que este “se perca” dentro do corpo, revelando assim uma total ignorância de sua própria anatomia.

Quando se fala em direitos sexuais, então, a coisa fica ainda pior. Reprimidas durante milênios, a maioria das mulheres não se permite sequer sentir desejo, quanto mais ter prazer.

Curiosa e ironicamente este mesmo corpo feminino reprimido e calado, alvo de tantas manifestações contrárias ao seu domínio por suas próprias donas, é constantemente exposto, na mídia, como motivo de exploração sexual e sensual. A nossa sociedade parece exigir que sejamos todas umas deusas da sensualidade, com corpos esculturais, malhados, magros e perfeitos, e, para isso, nos condenam até mesmo a sacrificar nossa saúde física e mental. Corpos esculturais para que? Se nem mesmo nos dão direito ao prazer sexual puro e simples? Corpos esculturais para continuar simplesmente a excitar a imaginação e as fantasias sexuais masculinas, destes mesmos homens que querem legislar em cima dos nossos corpos, que querem nos condenar a ter filhos resultantes de estupros ou a parir fetos anencéfalos.

Margaret Sanger estava certa. Jamais seremos livres, jamais seremos cidadãs plenas, enquanto não conhecermos os nossos corpos e enquanto não formos donas deles. O direito de mandar em nossos corpos, o direito à contracepção já é mais que uma conquista da moderna ciência e cada mulher deve fazer uso dele, ou não, de acordo com a sua própria consciência. Sem interferência do estado, da lei, da mentalidade chauvinista de alguns. O direito ao conhecimento do funcionamento do corpo, a informação em serviços de saúde pública, o respeito ao desejo de cada mulher, o direito à educação sexual, tudo isso são conquistas políticas femininas que ainda estão longe de se tornar realidade. Mas só nós, mulheres, podemos exigir e cobrar isso da sociedade.

 

*Isabel Fomm de Vasconcellos é apresentadora e produtora do Saúde Feminina (segunda a sexta, meio dia, na Rede Mulher de TV) e autora de vários livros.

www.isabelvasconcellos.com.br

Previous Article O Grande Amor Vira Agressor
Next Article Limpando a Casa

About Author

admin

Flavia Hesse é inspiradora digital, terapeuta floral, publisher e advogada

Related Posts

  • Descubra como energizar seu dia

  • Quanto você acredita em seu sonho?

    Quanto você acredita em seu sonho?

Categorias

  • Astrologia29
  • Beleza64
  • Bem-Estar23
  • Casa10
  • Comportamento163
  • Dica do Dia2
  • Dinheiro49
  • Esoterismo5
  • Fitness5
  • Nós Mulheres1
  • Numerologia9
  • Poesia e Reflexão2
  • Relacionamento61
  • Saúde23
  • Saúde6
  • Sexo27
  • Terapia Complementar15
  • Trabalho18
  • Variedades33
  • Viagens12

Procure pela data

novembro 2025
DSTQQSS
 1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30 
« mar    

Posts recentes

  • Moda, Tendência, Estilo: Essências Numerológicas e Florais
  • Lua Nova em Áries: você prefere agir ou reagir?
  • Descubra como energizar seu dia
  • O que te impulsiona a agir? Entenda sua força de ação pela Astrologia
  • Quanto você acredita em seu sonho?

Encontre seu assunto

amor aposentadoria astrologia beleza bem-estar cabelo carreira casa cuidados dia internacional da mulher dinheiro exercicios feminismo feminista feng shui filhos fonoaudiologia gravidez harmonia hidratação investimento kabbalah lua nova mulher numerologia orçamento orçamento doméstico orçamento familiar paixão pele planejamento prazer previdência prosperidade relacionamento saúde sexo sexualidade signo sufragistas trabalho variedades viagem violência xamanismo

Arquivos

  • março 2018
  • março 2017
  • fevereiro 2017
  • outubro 2016
  • setembro 2016
  • agosto 2016
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • março 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • dezembro 2015
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • agosto 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • dezembro 2008
  • novembro 2008
  • julho 2006
  • junho 2006
  • maio 2006
  • abril 2006
  • março 2006
  • fevereiro 2006
  • janeiro 2006
  • dezembro 2005
  • novembro 2005
  • outubro 2005
  • setembro 2005
  • agosto 2005
  • julho 2005
  • junho 2005
  • maio 2005
  • abril 2005
  • março 2005
  • fevereiro 2005
  • janeiro 2005
  • dezembro 2004
  • novembro 2004
  • outubro 2004
  • setembro 2004
  • agosto 2004
  • julho 2004
  • junho 2004
  • maio 2004
  • abril 2004
  • março 2004
  • fevereiro 2004
  • janeiro 2004
  • dezembro 2003
  • novembro 2003
  • outubro 2003
  • setembro 2003
  • agosto 2003
  • maio 2003
  • dezembro 2002
  • novembro 2002
  • agosto 2001
  • maio 2001
  • abril 2001
  • março 2001
  • fevereiro 2001
  • janeiro 2001
  • dezembro 2000
  • novembro 2000
  • outubro 2000
  • setembro 2000
  • agosto 2000
  • julho 2000
  • junho 2000
  • maio 2000
  • abril 2000
  • março 2000
  • fevereiro 2000
  • janeiro 2000
  • dezembro 1999
  • novembro 1999
  • outubro 1999
  • setembro 1999

Comentários

  • lar de idosas em Feng Shui – trazendo bons fluídos para sua casa – 2ª parte
  • Grupo de Reabilitação em Codependência ou dependência emocional: o que é?
  • Lilian Roel Murat em Receita para Gostar de Si Mesma
  • Karina Rodrigues em Conheça as 7 tendências para maquiagem de final de ano

RSS WMulher – RSS

  • Moda, Tendência, Estilo: Essências Numerológicas e Florais 13 de março de 2018
    Florais e terapia floral não tratam doenças. Trabalham questões emocionais e energéticas. Não Substitui tratamento médico. Numerologia é um agente facilitador de autoconhecimento; e sinaliza possíveis padrões comportamentais e emocionais. Moda A essência numerológica da palavra Moda é 15. Características: O post Moda, Tendência, Estilo: Essências Numerológicas e Florais apareceu primeiro em Blog WMulher.
    admin
  • Lua Nova em Áries: você prefere agir ou reagir? 29 de março de 2017
    Na segunda-feira, 27/03, às 23h58, aconteceu a Lua Nova de Áries. É o início de um novo ciclo lunar, que vai até 26/04.  Ação é o que o céu, repleto de planetas no primeiro signo de zodíaco, traz para esse O post Lua Nova em Áries: você prefere agir ou reagir? apareceu primeiro em Blog […]
    admin
  • Descubra como energizar seu dia 8 de fevereiro de 2017
    Com alguns hábitos bem simples é fácil você energizar e motivar o seu dia. Os primeiros momentos do dia são muito importantes, pois o que você pensa e faz irá dar o tom, a energia do dia. Qual é o O post Descubra como energizar seu dia apareceu primeiro em Blog WMulher.
    admin
  • O que te impulsiona a agir? Entenda sua força de ação pela Astrologia 19 de outubro de 2016
    Por: Aline Granja Você já teve a sensação de que não se encaixa em métodos de ação prontos? Ou já tentou tanta coisa para obter resultados melhores em sua vida mas não saiu do lugar? Também é bastante comum a O post O que te impulsiona a agir? Entenda sua força de ação pela Astrologia […]
    admin
  • Quanto você acredita em seu sonho? 18 de outubro de 2016
    O post Quanto você acredita em seu sonho? apareceu primeiro em Blog WMulher.
    admin
Política de Privacidade             Nossa História             © Copyright 2015. WMulher.com.br