Por: Cássio dos Reis*
Freqüentemente os pais se vêem frente do dilema de identificar o momento de conversar sobre sexo com os filhos.
A dificuldade fica ainda maior diante da facilidade com que não percebem o crescimento deles.
Criamos critérios que nos impedem de aceitar que nossos filhos já estariam preparados para receber os necessários ensinamentos sobre sexo.
Quando digo pais, digo tanto aos pais quanto as mães, que muitas vezes se excluem da árdua tarefa de ter que lidar com a emergente sexualidade dos filhos.
Não se iluda com a hipótese de que seu filho ainda não esteja preparado para receber a orientação necessária sobre o início de sua vida sexual.
Com uma freqüência cada vez maior, a grande maioria das meninas de 15 anos já tocaram no pênis de um garoto e com uma porcentagem mais elevada ainda os meninos com esta idade já tocaram na vagina de alguma garota.
Isso sem falar que, próximo aos 18 anos, a grande maioria dos meninos e uma porcentagem expressiva das meninas já experimentaram uma relação sexual.
Portanto o que parece ser tão estranho e distante, está muito mais próximo dos seus filhos do que você possa imaginar.
Somos seres inteligentes, racionais e sexuais, e seu filho ou sua filha não é diferente e é bom que não seja, sinal de que está dentro do esperado numa realidade de desenvolvimento sexual e emocional.
O interesse por assuntos que digam respeito ao sexo, não será mais expressivo pela quantidade de vezes que vocês puderem conversar a respeito, mas pelo processo biológico natural e oportuno que está acontecendo com seu filho neste momento.
Falar sobre sexo é constrangedor para todos nós, seres sexuais, tão bombardeados com fantasmas e tabus, herança de nossos pais, avós e antepassados, que também foram mal informados e conseqüentemente nos transmitiram uma série de conceitos e preconceitos que tiraram do sexo a espontaneidade de um processo absolutamente natural.
Cabe a você mãe, a você pai, tentar administrar suas dificuldades sexuais, possibilitando assim se transformar num baluarte de conduta e orientação, para que seus filhos sejam senhores de uma sexualidade consciente espontânea e responsável.
Quanto melhor e maior a informação que os filhos obtiverem dos pais, melhor poderão lidar com sua eminente sexualidade.
Os pais não imaginam a dificuldade que seus filhos tem em lidar com própria sexualidade, não podemos esquecer que já passamos por isso e que tudo é muito novo.
Seria mais tranqüilo que as primeiras informações e descobertas fossam esclarecidas em casa, para que seus filhos se tornem adolescentes adequados e equilibrados no que tange a própria sexualidade. O que se observa é que os pais se fecham em conversar com os filhos e estes, fatalmente, tentarão obter as informações necessárias fora de casa, muitas vezes de forma inadequada e comprometedora.
Se os pais tiverem alguma dificuldade em conversar com os filhos a respeito de sexo, nada impede de buscar ajuda profissional, sempre bem vinda neste momento.
*Cássio dos Reis é psicólogo e psicoterapeuta – CRP 4476-6 com consultório em São Paulo