Por: Sônia Blota Belotti*
Outro dia, sentada tomando um café pude observar pessoas dançando na praça em frente: um casal (quase profissional pelo que soube depois), uma senhora sozinha (de olhos fechados) e um homem, (que imagino ser o pai) com um menino de 4 ou 5 anos. Este espetáculo espontâneo e improvisado enlevou-me por quase 2 horas sem que eu percebesse a passagem do tempo.
Quantas qualidades a dança assumia em cada um: no casal, a precisão, a força, a beleza. Com um parceiro, a integração da dupla é que gera a dança, há que ser sensível para não tentar se impor ao outro nem ser dominado, prestar atenção aos mínimos gestos, avalizando com os olhos a unidade, compartilhando um fluxo comum, mas deixando livre a energia. Os relacionamentos deveriam ser assim. Os encontros terapêuticos também. Talvez até a relação entre pais e filhos.
Penso que aqueles corpos encontraram o prazer de estar em si mesmos.
Na dançarina solitária havia entrega, a sensibilidade de uma celebração.
O corpo falando sem palavras, num movimento expressivo, não mecânico, encontrando em seus limites a sensação de aconchego para revitalizar-se ao voltar para as batalhas da vida.
Se todas as coisas do mundo movem-se ritmicamente (o som, a luz), o nosso mundo interno é uma seqüência de harmonias e, se prestarmos atenção, a dança pode ser percebida como uma vibração que se estende desde sensações íntimas até o movimento do Cosmos… (os indianos chamam a trajetória dos astros de dança dos deuses)
O garotinho percebia isso, tenho certeza. Seu corpo reagia instintivamente ao ritmo, que é nossa primeira experiência sonora de vida, com as batidas do coração materno. Não havia divisão, ele dançava a ele mesmo, criando e recriando a cada instante uma comunicação com o que só era invisível para nós observadores.
É claro que tanta gente quer dançar hoje. O homem dança desde que apareceu na Terra, e conta sua história através da dança.
Como dizia o anúncio que li na porta: dançar é social, dietético e terapêutico. Assino embaixo.
* Sônia Blota Belotti é Psicóloga e Psicoterapeuta – CRP 12682-3
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