Por: Eliane Alabe Deblauw*
A sexualidade feminina tem seus segredos. Um pequeno detalhe que faz a diferenca e nos faz tão complexas e especiais.
Nossa sexualidade por muitos e muitos anos foi negligenciada pela sociedade devido a repressão sexual, moral e tradição que favorecia os bons costumes somente para os homens. Foi somente no seculo 21, que a sexualidade feminina tornou-se uma preocupacao para profissionais de saude e saude mental, e a ser vista como liberdade de expressao, de satisfação, de prazer, bem estar físico e emocional.
Estamos no terceiro milenio, e a liberdade sexual continua sendo questionada e interpretada como uma conduta libertina e promiscua, por uma sociedade que ve com preconceito a independência sexual da mulher, a capacidade dela ter seu próprio prazer, cuidar de seu proprio corpo, escolher com quem e quando ter prazer.
O estudo da sexualidade feminina trouxe o reconhecimento de um pequeno e intimo ponto no corpo feminino, pertencente aos órgãos genitais, que já havia sido descoberto por estudiosos de anatomia no século XVI. Este ponto chama-se clitóris, que até então estava fadado ao descaso e a ignorância; no corpo feminino era inexplorado, por falta de conhecimento, por conta da proibição e tabu no sexo.
O clitóris ganhou notoriedade e foi apresentado como um órgão muito sensível ao toque e as caricias eróticas; com terminações nervosas tal qual a glande do pênis; uma fonte produtora e alimentadora de prazer na mulher, capaz de leva-la ao orgasmo.
O clitoris ocupa grande parte da vulva, vagina, períneo e tem ramificações nervosas que são sentidas até nas coxas da mulher. Sua maior parte encontra-se oculta, mas sua parte mais sensível, a glande do clitóris, está a vista para ser explorada na intimidade sexual.
A exploração do corpo pela mulher, através do toque, da masturbação, da massagem erótica permite a descoberta do clitóris. Com a descoberta do clitoris, a mulher pode auto-descobrir o prazer de seu corpo e o da auto-satisfacão sexual.
O clitóris é a música que faltava para a orquestra sexual feminina. Os parceiros desavisados precisam aprender com a própria mulher como tocar essa música. Acariciar e massagear o clitóris. Cada mulher vai dizer como gosta de ser tocada. Trocar brutalmente, apertar como se fosse uma campainha ou o gatilho de um revolver podem machucá-lo e deixar perder-se toda a conquista de uma noite de fantasia sexual.
A qualidade do prazer e do orgasmo ao massagear e estimular o clitóris é tão intenso quanto o orgasmo vaginal para algumas mulheres. É um mito pensar que o orgasmo clitoridiano não satisfaz e que desvaloriza a mulher. Estudos como o da Vida Sexual do Brasileiro realizado pela Dra. Carmita Abdo da USP constata que 37% das mulheres que tem orgasmo, o tem por via clitoridiana, seja por manuseio oral, manual ou com auxilio de vibradores.
Muitas mulheres que obtém prazer ou orgasmo com a penetração vaginal não se dão conta que o pênis do homem fricciona a parede vaginal e massageia a área do clitóris, proporcionando um prazer que se reflete por toda região vaginal e do perineo, como se fosse uma descarga tensional ocorrida internamente.
Para as mulheres que possuem dificuldade sexual, e não atingem o orgasmo ou o prazer, devem estar atenta a estimulação do clitóris durante a fase preliminar e durante a excitação. É importante que durante essa fase o casal intensifique os jogos sexuais com brincadeiras sexuais, fantasias, masturbação e massagem no clitóris.
Em algumas sociedades tradicionais existe a mutilação do clitóris, a remocao ritualista parcial ou total de parte ou de todos os orgaos genitais externos femininos, conhecido como ablação ou circuncisao feminina. Em algums paises da Africa, essa mutilação ocorre indiscriminadamente em mulheres e crianças a partir de 5 anos de idade, por interesses multiculturais e étnicos. Essa prática e totalmente rejeitada e condenada por nossa sociedade, e vai contra os direitos humanos de proteção a mulher e ao menor de idade.
No amor ou no sexo, o clitóris faz a diferença.
*Eliane Alabe Deblauw, atualmente vive na Califórnia e trabalha em Coalition for Family Harmony – uma organização sem fins lucrativos que atende vitimas de violência doméstica e abuso sexual, e familiar em divórcio; Ela é Psicóloga Clinica com Master in Clinical Psychology – Marital Family Therapy at California Lutheran University – Califórnia, USA; Especialização em Mediação de Família em Divórcio; Life Ontological Coaching from Newfield Network, Denver- Colorado; Terapeuta de EMDR para vítimas de trauma e Estresse Pós-traumático; Psicodramatista, e Sexóloga;
website: www.venturalifeimprovementcenter.com
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Foto: celiece aurea l Freeimages.com