Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Segundo pesquisa publicada recentemente nos Estados Unidos, as mulheres representam 70% do consumo no mundo.
E o que significa isso? Poder.
O sexo feminino, que até menos de 100 anos passados, não tinha nem o direito de votar, hoje representa uma força econômica decisiva no planeta.
No Brasil, a mulher é mais de metade do eleitorado. Para um desavisado este dado significaria um enorme poder político na mão das mulheres. Juntas, elas elegeriam quem quisessem.
No entanto não é isso que acontece simplesmente porque as mulheres estão tudo, menos juntas.
A proverbial desunião feminina é histórica, cultural.
Durante milênios as mulheres se digladiaram para conseguir fisgar o homem mais importante das redondezas. Como a única forma de ter algum poder, era exercer o poder “por trás de um grande homem” e a única forma de ter dinheiro era casar com um homem de posses, as mulheres passavam a vida traindo uma as outras (quanta mulher não “roubou” o marido da melhor amiga?), denegrindo umas às outras (quanta mulher não assiste TV pra ficar reparando nos defeitos da maquiagem, da fala, da roupa, de qualquer coisa, das apresentadoras?) e sua arma predileta sempre foi o veneno, literal ou figurado.
Bom, acontece que hoje a mulher pode ter seu próprio lugar na sociedade. É dona do seu nariz, do seu corpo, do seu dinheiro e do seu desejo.
Não é mais necessário destruir as outras para conquistar o que quiser, inclusive um homem.
No entanto… Continuamos desunidas.
Quer mais?
Outro fator que pesa na desunião feminina é o hábito de não confiar umas nas outras (Também, depois dos poucos exemplos acima, já dá pra perceber que não dá pra confiar mesmo…).
A maioria das políticas que venceram eleições foi eleita por homens e não por mulheres. Mulher não vota em mulher. Mulher não promove outra mulher. E sabe por que? Por causa do milenar complexo de inferioridade.
As mulheres passaram tanto tempo sendo cidadãs de segunda classe, mercadoria, moeda de troca que, agora, poucas felizardas conseguem se livrar – consciente ou inconscientemente – desta certeza da inferioridade, da certeza de ser menos capazes e menos competentes, em qualquer campo, do que os homens. Sendo assim, se eu mulher sou inferior, a outra mulher também é. Portanto, não voto nela, não a promovo, não a prestigio.
No entanto, se somos 70% da força de consumo do mundo e se somos mais de 50% do eleitorado brasileiro, juntas seríamos invencíveis e poderíamos governar o mundo como bem entendêssemos.
Isabel Fomm de Vasconcellos é escritora e apresentadora de TV
foto: Deklofenak l Depositophotos