Por: Sônia Blota Belotti*
“É óbvio que o potencial de uma águia será atualizado no vagar pelo céu, ao mergulhar para pegar pequenos animais para comer e na construção de ninhos. É óbvio que o potencial de um elefante será atualizado através do tamanho, força e desajeitamento.
Nenhuma águia quer ser elefante e nenhum elefante quer ser águia. Eles se “aceitam”, aceitam seu “ser”. Não, eles nem mesmo se aceitam, pois isto significaria uma possível rejeição. Eles se assumem por princípio. Não, não se assumem por princípio, pois isto implicaria numa possibilidade de ser diferente. Eles apenas são. Eles são o que são.
Quão absurdo seria se eles, como os humanos, tivessem fantasias, insatisfações e decepções. Como seria absurdo se o elefante cansado de andar na terra, quisesse voar, comer coelhos e botar ovos. E que a águia quisesse ter a força e a pele grossa do elefante…
Que isto fique para o homem! – tentar ser algo que não é – ter ideais que não são atingíveis; ter a praga do perfeccionismo de forma a estar livre de críticas e abrir a senda infinita da tortura mental.
Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você É perfeito, se se permitir ser.
Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova.
Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si!”
Fritz Perls , Gestalt Terapia
O perfeccionista sofre e faz todo mundo sofrer, pois além de não se permitir errar, dificilmente admite os erros dos outros. Vive assim, controlando tudo e acaba perdendo um tempo de vida precioso e oportunidades importantes… Economiza atitudes com medo de errar. Não arrisca porque arriscar pode trazer o insucesso que ele tanto teme. Fica amarrado por não conseguir admitir esta verdade que parece muito simples e óbvia : errar é humano. Todo mundo erra. E diante do erro ou do fracasso, você tem duas alternativas: ficar paralisado ou utilizar isso para lidar com situações no futuro. Não é assim que achamos que as escolas deveriam ensinar as crianças? A ter perseverança e lidar construtivamente com as críticas? Para o perfeccionista, qualquer comentário que não seja um elogio, magoa.
Na mitologia grega temos um símbolo de mulher, Atalanta, tão exageradamente preocupada em provar seu próprio valor, ser perfeita, o que obviamente não conseguiu, que se fixou neste ideal de perfeição a tal ponto que se tornou fria e solitária. A solidão que se origina do orgulho, que não permite que nenhum deslize humano possa destruir a imagem ideal que fazemos de nós mesmos. Esta personagem ainda teve a chance de mudar!
Mas muitas outras histórias mostram figuras de princesas que exigem tarefas tão impossíveis de seus pretendentes que terminam sozinhas… As “princesas perfeccionistas” atuais tendem a esperar para sempre! A vida vai passando. E, com ela, as muitas emoções do amor. Porque a vivência do amor traz à tona nossos melhores aspectos e nossos defeitos e fracassos. A “princesa”, por desejar algo ou alguém inatingível, acaba se tornando refratária a qualquer relacionamento!
O apego aos ideais é uma virtude que nos ajuda a melhorar. Mas pode se tornar uma defesa dura contra o medo de relacionar-se. Nenhuma relação resiste à esse tipo de idealização, é fundamental aceitar as pessoas como são e descobrir que são simplesmente humanas.
* Sônia Blota Belotti é Psicóloga e Psicoterapeuta – CRP 12682-3
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