Por: Isabel Fomm Vasconcellos*
Os homens são treinados para gostar de sexo. As mulheres, ao contrário. A nossa cultura “treina” as mulheres para a submissão, para a inferioridade e para a negação do prazer sexual. Aí, as coitadinha ficam com essa idéia idiota, que tantas repetem orgulhosamente, de que “sexo para mim, só com amor”. E aí, minha filha? E se nunca, na vida, encontrar o amor, vai viver sem sexo?
Além disso, as mulheres são “treinadas” para serem ou prostitutas ou mães de família. Fora disso, só de poucas décadas para cá, a sociedade tem dado outras opções às mulheres.
Então, há um enorme descompasso entre os sexos. O menino é educado para encontrar o prazer no sexo e para negar esse prazer às mulheres “direitas”. Com estas, se casa e se tem filhos. Prazer é com as outras. E as meninas são educadas para encontrar e felicidade no lar, nas coisas da casa e nos filhos.
Apesar da alardeada e suposta “revolução” sexual e dos direitos das mulheres, a maioria dos homens ainda divide o sexo feminino em duas partes bem distintas: as que são para casar e ser a “mãe dos seus filhos” e as que são para trepar.
E mesmo aqueles homens que são mais modernos e querem encontrar, na mulher com quem pensam dividir a vida, a esposa e a amante, muitas vezes se frustram porque essas mulheres não conseguem escapar da síndrome da dona de casa.
Enquanto namoradas, elas são encantadoras. Dão pra eles numa boa nos muitos motéis da vida. Vestem-se de maneira atraente, são as companheiras de programas, de viagens, de baladas. Aí eles se casam. E elas, que eram sexy, que eram animadas, viram donas de casa. Mais preocupadas em ter filhos, mais preocupadas com a administração do lar, com as questiúnculas domésticas e com as receitas do programa da Ana Maria Braga.
Depois, reclamam porque o marido perde o encanto.
O marido casou-se com uma mulher sensual, a sua namorada. Com uma mulher bonita, bem produzida, animada.
Mas, com o passar do tempo, o que ele encontra quando chega do trabalho é uma mulher desgastada pelos serviços domésticos, frequentemente usando um avental nada sexy, cheirando a alho e reclamando das travessuras dos seus sonhados pimpolhos.
Aí, minha amiga, é natural que ele vá pro motel com a secretária. Ela se tornou muito mais atraente que você.
Felizmente a modernidade nos proporciona uma grande simplificação da vida doméstica. E, se você quer ter uma vida legal com seu companheiro, precisa renunciar a essa síndrome da dona de casa. Precisa deixar de ser a governanta e a cozinheira e a babá e ser, antes de tudo isso, a amante, a namorada, a mulher que, anos atrás, casou com ele.
O segredo de uma vida feliz a dois está num eterno namorar, num eterno seduzir. Acima do papel de governanta da casa, de mãe, tem que estar o seu papel de mulher. A menos que você prefira ficar com a casa, com os pimpolhos, com o fogão. E não se importe que a cama seja de outra.
Ser mãe, é claro, é muito importante. Cuidar da casa também é importante. Mas mais importante é fazer tudo isso sem abdicar do papel de mulher para o seu homem.
* Isabel Fomm Vasconcellos é produtora e apresentadora do Saúde Feminina (segunda a sexta na Rede Mulher de TV) e autora de vários livros.
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