Por: Cássio dos Reis*
A Virgindade ainda é tida como um bem que deva ser preservado e dependendo da orientação, da educação familiar ou religiosa, sua preservação terá um peso bem maior.
Alguém poderia se perguntar, as meninas se preservam virgem para o casamento? Com absoluta certeza, um sem número de mulheres (menos hoje que ontem) consegue chegar ao casamento sem a realização do ato sexual completo, prevalecendo aí, o sentimento de que são virgens.
Até há pouquíssimo tempo atrás, quem não chegasse virgem ao casamento não era vista com bons olhos, e dificilmente alguém denunciava que já não era mais virgem, pois esta determinante era um conceito reconhecidamente aceito e difundido pela sociedade.
Seria hoje a valorização da virgindade um benefício que se perdeu no tempo? Absolutamente! Por sinal, os motivos que determinavam a virgindade, hoje já não representam mais nenhum efeito positivo, os estímulos são tão grandes, os facilitadores tão explícitos, os apelos tão ousados, que fica difícil imaginar que alguém possa passar imune por tremenda avalanche de sedução.
O lado absolutamente positivo é que hoje a gama de esclarecimentos e oportunidades de ler, falar e comentar sobre sexo, é tão vasta, que poucas pessoas, com meios de comunicação a seu dispor não tem os esclarecimentos mínimos imaginados.
A virgindade tem que ser melhor entendida, e nos moldes do que sempre se imaginou, ainda que esteja preservada, não existe mais em sua essência.
Importante a reflexão sobre o que é ser virgem? Com absoluta certeza o que determina a virgindade não pode ser atribuído simplesmente ao rompimento do hímen ou ainda a primeira relação sexual do homem, mesmo porque, na mulher existe o elemento de fato que comprova esta experiência, o mesmo não acontecendo com o homem, que não ganha nenhum sinal externo de sua primeira relação sexual.
Deixamos de ser virgens, quando nos deparamos com nossa sexualidade, que passa a se manifestar com o desenvolvimento natural de todos nós e, sendo assim, deixar de viver a sexualidade em sua essência com o outro é até mesmo deselegante consigo mesmo, pois colocamos em risco a vida sexual futura com a pessoa escolhida.
A atitude mágica da preservação e do conceito de virgindade, possibilita surpresas desagradáveis, tais como descobrir uma incompatibilidade sexual com o companheiro ou companheira, no relacionamento futuro.
O mais importante para resolver estes problemas é que os parceiros procurem ser carinhosos e competentes um com o outro proporcionando aos dois uma preparação ao sexo, criando assim, um facilitador para a compreensão e o entendimento sexual.
*Cássio dos Reis é psicólogo e psicoterapeuta – CRP 4476-6 com consultório em São Paulo