Por: Cássio dos Reis*
Ninguém duvida que o amor é uma das maiores experiências da vida, E que todos podemos ter a oportunidade de o experimentar. Mas, cuidado: ele pode passar e você não perceber…A necessidade de sobrevivência muitas vezes supera o cuidado com o afeto.
Aquilo que nos causa pavor, desalento, insegurança e angústia, exatamente porque não tem uma lógica possível, tem no amor um prato cheio, pois ele é, em si mesmo, a sensação da mais pura indefinição. Por ser de difícil compreensão e tão complexo, torna-se uma das sensações mais misteriosas da vida. Exatamente por causa disso, advém-nos a sensação de que muitas vezes o que sentimos não é amor. Não poucas vezes, passamos a duvidar desse mágico sentimento.
Na tentativa de tornar viável essa sensação, fantasiamos situações maravilhosas, mirabolantes e muitas vezes irreais… Quando as pessoas idealizam o amor de sua vida, procuram descrever uma pessoa absoluta, com inúmeros predicados, quando não, quase perfeita e, não raro, inexistente.
Ledo engano: a pessoa ideal, sem dúvida, é aquela que corresponde às expectativas de segurança e maestria na arte de comandar a ebulição existente dentro de cada um. Por isso, desnecessário é estabelecer parâmetros tão bem definidos, pois o amor, quando realmente acontece, faz com que o essencial fique invisível aos olhos e absolutamente preenchedor dos espaços mais interiores.
O amadurecimento desse sentimento de amor é que vai possibilitar a continuidade da relação, pois se houver dúvida nesse sentimento, a relação não se sustentará, ficará desvalorizada e, por fim, insustentável.
Não imagine você que esse sentimento tenha que ser sofisticado, heróico, exclusivo…não! O sentimento do amor será mais verdadeiro quanto mais simples e espontâneo parecer-se com a intensidade do sorriso de uma criança.
Sem dúvida, o tempo é responsável pela manutenção da relação estável, o que faz com que o conhecimento do outro possa construir o caminho que viabiliza a continuidade da vida, do afeto e, naturalmente, do fortalecimento do amor.
A perda de um grande amor é sentida sem grandes extravagâncias. O verdadeiro amor não precisa de holofotes. O amor fica claro, exatamente na constatação dos pequenos cuidados que se tem pelo outro, denotando um amor incomensurável, sem a necessidade de arroubos ou demonstrações de grande impacto. O amor é o sentimento mais nobre, ao mesmo tempo o mais singelo, muito embora exija cuidados extremos sem os quais, sem dúvida nenhuma, é fadado ao fracasso.
Por isso, toda atenção do mundo para essa fortuna que graciosamente recebemos, sem ônus algum, mas que, de tão frágil, pode-nos passar despercebido.
Atenção: o amor é surpreendente; porém, discreto.
Cássio dos Reis
*Cássio dos Reis é psicólogo e psicoterapeuta – CRP 4476-6 com consultório em São Paulo